A criança e o seu mundo

Percebo que os sintomas de estresse e as doenças antes raras estão aparecendo cada vez mais precocemente na infância.

E me vêm alguns questionamentos:

  • quem é a criança e quem é o adulto em determinadas situações por mim observadas?
  • como são conhecidas e respeitadas as diferentes fases da vida da criança?

Para terem ideia, “a criança após o seu nascimento passa por momentos mais ou menos precisos de evolução, nas quais são necessárias as maiores atenções daqueles que a cercam. A evolução do indivíduo deveria ser contínua, suave e harmônica, no entanto, observa-se que essa evolução individual se faz em crises em que há uma exuberante reação individual – as crises evolutivas. Nessas crises, o organismo procura vencer barreiras que se oponham a essa evolução ,…vencidas através de grande esforço e que se apresentam como moléstias ……..Aparecem durante os três primeiros meses de vida, …. cólicas……. Aos cinco meses há uma nova crise evolutiva com eliminações febris e diarreicas….”.A dos 8 meses, geralmente também febril.

A dos doze meses, quando a criança começa a caminhar e buscar sua independência. A dos dois anos, quando inicia a fala …….e os pais referem que “meu filho passou a ter gênio…. dos cinco aos seis anos , quando se completa a formação afetiva”. Só depois desta etapa a criança está preparada para o convívio social. Para as aquisições intelectivas é necessária a segurança afetiva. Daí em diante, observam-se crises a cada sete anos, sendo a dos quatorze bastante marcada.

Se lá nos três meses de vida houve as crises de cólicas e isso foi devidamente tratado, raramente se observará a crise dos cinco ou a dos oito meses, e assim sucessivamente.

É importante pais e pediatras terem conhecimento dessas etapas , dessa maneira saberão como atuar em cada momento. “Assim, a criança precisa de carinho, tranquilidade e leite materno até os seus cinco meses, de introdução de alimentação não láctea entre os seus seis e oito meses, de uma liberdade contida a partir de um ano de idade, de espaço e de brinquedo que lhe desenvolvam a flexibilidade e coordenação a partir dos dois anos, da segurança e da atenção continuada das pessoas que a amam, a mãe o pai principalmente ….até os cinco anos, do convívio social a partir dos seis anos, do ambiente moral e artístico dos sete anos aos quatorze anos e de um ambiente intelectual e de trabalho a partir dos seus quatorze anos. Daí então uma liberdade orientada até aproximadamente 21 anos, quando estará preparada para uma vida independente.”

É evidente que as características da rotina moderna impedem que se pratique o que é pedido em cada etapa do desenvolvimento infantil, de grande transformação principalmente nos dois primeiros anos. No entanto, as necessidades básicas de segurança afetiva , de tranquilidade e harmonia, de alimentação adequada nas diferentes idades, entre outras precisam estar garantidas para que a criança se mantenha em saúde.

Respeitar o período de aquisição intelectual, o que se dá aos sete anos de idade. Muitos adolescentes e adultos têm aversão a “estudar” e se posicionarem na vida, pois sofreram malefício da “alfabetização” e outras cobranças similares antes disso.

Os quadros de hiperatividade e deficiência atencional , e até depressão grave também podem estar a isso relacionados .

A criança deve brincar e brincar e mais brincar. A criança necessita de alguém que tenha o estado de mãe. A criança necessita ser admirada, amada e atendida no seu primeiro setênio. Ela não tem competência cerebral para se responsabilizar pelos atos intelectivos, incluindo aí o que os adultos precisam fazer por si mesmos.

A criança não tem maturidade para definir escolhas, ela confia no adulto para tal.

A criança precisa ser criança: inocente, alegre, livre, viva, acarinhada, respeitada; dessa maneira ela será um adulto competente, realizado, ativo adequadamente na sociedade de acordo com a cultura em que esteja inserido, satisfeito, saudável e feliz.

Referência

Doutrina Médica Homeopática, Grupo de Estudos Homeopáticos de SP “Benoit Mure

Autoria: Margarida Maria Vieira

Médica homeopata e pediatra – CRM: SC 4107

Associação Médico Espírita de Santa Catarina- AME/SC

Pediatria: Alimentação Infantil

Às vezes me pego a pensar que ainda é pequeno o número de intercorrências como RGA (refluxo gastroesofágico), cólicas do RN (recém nascido), diarréias sem causa aparente nos primeiros meses de vida e outros transtornos digestivos, respiratórios, da pele e renais. Prá que começo este artigo sobre “Alimentação Infantil” com esta minha divagação?

Quando eu era estudante foi me dito que nos primeiros meses de idade a mucosa do trato digestivo não tem capacidade para tolerar alimentos instantâneos….o que vemos hoje: já na maternidade os recém nascidos recebem formulas lácteas instantâneas…como se isso não fosse suficiente, o lactente passa a ser alimentado com alimentos industrializados, e aí nem considero as frutas e verduras submetidas a agrotóxicos.

Sorte tem a criança que é amamentada…pelo menos até os 6 meses está mais protegida desta “agressão”…tendo algum sofrimento apenas nos casos de alergia alimentar, até ser identificado o alergeno alimentar que está presente na dieta da Mãe.

Outro fator agravante ó o “sugar” prolongado. Pelo nosso DNPM (desenvolvimento neuropsicomotor), o sugar deveria ser exclusivo até rasgar o primeiro dente, a partir daí é importante associar alimentos que necessitam da mastigação. O que pode acontecer quando o “sugar” é prolongado: dificuldade p/ respirar pelo nariz, dificuldade para articular com clareza as palavras, má digestão (tem substancias=enzimas digestivas que são produzidas pelo estímulo da mastigação) Falando dos alimentos em si:

–até o sexto mês o ideal é a amamentação………as razões tanto a nível físico quanto psicoemocionais são amplamente reconhecidas

—-após o sexto mês se introduz gradativamente os alimentos pastosos e, em seguida, os sólidos. As leguminosas (feijões, grão de bico, ervilha, lentilha) têm boa aceitação após o nono mês , o mesmo acontece com as folhas verdes.

O sal é tolerado após os 12meses A criança tem o seu paladar particular, por isso é importante repetir cada alimento novo pelo menos três vezes seguidas….a oferta de variedades de limentos também deve ser considerada…mesmo aqueles alimentos que não são muito do agrado das pessoas da família devem ser oferecidos à criança quando têm um valor nutritivo.

Manter a rotina (café da manhã, fruta, almoço, lanche da tarde e jantar) assim como o exemplo dos adultos alimentando-se (estado de harmonia e alegria a mesa, como os adultos mastigam e saboreiam os alimentos, etc) é fundamental na formação da criança quanto a sua Alimentação.

Consideração ao tempo em que o alimento deva ser introduzido, de acordo com a necessidade e a capacidade biológica da criança e alimentos mais orgânicos possível associado ao estado de amorosidade, gratidão, alegria e harmonia a mesa é a fórmula prescrita para que ela seja um ser saudável até a vida adulta.